quinta-feira, 31 de março de 2011 | | By: Atalanta Futebol Clube de Tuntum

UM RELAMPEJO DE MEMÓRIA



Por Jean Carlos Gonçalves.


Em pé (da esquerda para a direita): Técnico Baiano. Jogadores: Lydyogley, Jean Carlos, Zé Nildo, Fabinho, Valdenes, Maurício, Toinho, Zoni e Rivaldo. Agachados: Manelinho, Francisco, Cleones, Geofran, Edmilson, Silvinho e Remi.
         Um álbum empoeirado na estante, começo a folhear as páginas me deparo com uma velha fotografia velha, por um instante me desprendo do presente, viajo no tempo... O ano é 99, precisamente a 28 de março de 1999. É dia de final do campeonato municipal relativo ao certame de 1998. Aos 14 minutos do primeiro tempo a explosão nas arquibancadas do velho estádio, lotado em sua capacidade. Ah! Velho cenário, de tantas glórias... Nunca havia marcado naquela arena. Aconteceu justamente, no dia em que a alegria seria momentânea, pois perderíamos o jogo de virada pelo placar de 2x1, para o arqui-rival São Raimundo.
A fotografia acima retrata o elenco do Atalanta Futebol Clube na partida da semi-final entre Atalanta e Vila Nova (4x1 em favor do primeiro) no domingo que antecedeu a grande final, acima destacada. O aludido elenco participou dos campeonatos de 1998 e 1999. Maior parte desses jogadores formou a base do time do campeonato de 2000. Além dos jogadores que aparecem na imagem, também fazia parte do grupo o talentoso meia Alexandre do Bacabal que estava suspenso para essa partida e o Chiquinho, que se encontrava lesionado.
Continuo a buscar nos arquivos de minha memória, as cenas, os personagens, protagonistas e coadjuvantes, destaques e anônimos daqueles tempos áureos de nosso majestoso futebol. Fico rememorando os momentos de fulgor, reflexos de pura alegria que de forma tão marcante e que exercia tamanho poder de influência em nossos comportamentos, sociabilidades, no cotidiano. Mesmo com os antagonismos, as rivalidades entre as grandes agremiações locais, que por vezes deixavam os ânimos acirrados... Como éramos felizes e só nos damos conta disso agora.
De repente, embora envolto na minha memória, retorno ao presente e começo a comparar o que se tinha e o que se tem com relação ao futebol local, percebendo que existem muito mais diferenças do que semelhanças. Fico pensando, refletindo, dividido entre a nostalgia do passado e a lamentável situação de hoje.
         Isso fica evidente, na crise, ou mesmo, perda de identidade que passa o nosso futebol (para ser generoso, pois os adjetivos adequados seriam outros menos afáveis) e a para falar de falta de ações efetivas para resgatar o brilho, a magia, o fascínio de uma das manifestações culturais de nossa terra.
         A crise atual não encontra resistência concreta. Isso é fato. Mas o que poderia ser feito diante do descaso, da desorganização e da descredibilidade constatada nos últimos campeonatos realizados?
         O segmento governista, motivado por seus interesses, ou o senso comum, cuja visão não-crítica compromete por demais a compreensão da realidade, pode até refutar tal ponto de vista e argumentar se utilizando dos patrocínios da Prefeitura Municipal, das premiações, da construção do novo estádio, dentre outros. Entretanto, que fique claro: As medidas adotadas atualmente são totalmente despidas, da espontaneidade, do encanto daqueles certames realizados no estádio paroquial Dom Adolfo Bossi.
         Ah! O ESTÁDIO DOS PADRES! Que nostalgia!
Saudade de uma época em que a população desportista, tinha nas tardes de domingo o seu programa favorito. Antigo palco, onde a torcida se maravilha com as belas jogadas dos nossos craques do passado, Expedito Pé de Ouro, Valber, Celino, Eba, Dejó, e tantos outros. Mas também de figuras folclóricas como Osano Saraiva, Inácio, Lourdes (a mão do jogador Fiúsa), pessoas cuja irreverência perdeu a originalidade, o sentido, que abrilhantava as arquibancadas ou seu “lugarzinho sagrado” atrás da trave da entrada e hoje sobrevive apenas em nossos relampejos de memória, talvez a única forma de resistência ante a falta e/ou ineficiência de eventos esportivos, que quando realizados, são exclusivamente utilizados como mecanismo ideológico, de cunho propagandístico, pelo governo local, e, aliás, nem pra tal fim, tem alcançado êxito.
         Cabe enfatizar: a “política futebolística implementada” é um desrespeito para com a população desportista, com a tradição do melhor futebol da região central do Maranhão. Competições sem graça, sem empolgação. Um estádio novo, cujo projeto foi executado de forma duvidosa, desprovido de drenagem, que não resiste a qualquer chuva mais demorada.
         Portanto, que fique registrado nossa indignação, e se no momento nós insatisfeitos com a organização do futebol tuntuense não reunimos condições para oferecer uma alternativa ao modelo atual, utilizemos então, pelo menos, a memória para criticar, refletir e analisar a condição atual, a nossa realidade. Afinal, eis o grande papel da história.

4 COMENTÁRIOS:

Anônimo disse...

Quem dera que alguém tão capacitado como essa pessoa que fez essa materia podesse dar uma aula de ética e moral pra esse povinho que acabaram com o futebol de tuntum, pois usam o nosso futebol pra fazer politica. Que saudades daqueles tempos que nao voltam mais.Valeu fera......

FABRICIO COELHO disse...

Muito bonita a sua matéria professor... Recordando aqueles velhos tempos do bom futebol tuntuense sinto-me emocionado, pois assistir essa mesma partida, jamais esquecida da memória daquele público empolgante que alí se encontrava eufóricos e cheio de emoções, alguns foram ao estádio naquele dia apenas para admirar o nosso futebol, outros os então apaixonados (atalentenses e são-raimundeses) foram empurrar seus times dando todo apoio e incentivo, através de gritos, choros, batucadas e etc... ao final daquele jogo vir alegria nos rostos daqueles que venceram, vir tambem lágrimas nos rostos daqueles torcedores e jogadores que perderam, mas vir acima de tudo a esperança que renovava no coração de cada jogador, para o campeonato seguinte e assim se concretizava o futebol tuntuense. Saudades!

Anônimo disse...

Como sempre suas lembranças sao de muito valor para a história de Tuntum, e agora com essa do nosso saudoso futebol. Fui assistir a essa partida entre os "arque-inimigos" do nosso futebol Atalanta e São Raimundo, que saudades apesar de ter indo a poucas partidas(rsrs). O que voce sugere caro professor Jean Carlos para nossa querida Tuntum voltar ha ter aquelas velhas paritdas dominicais? Uma conscientização politica? So mesmo com educação de qualidade e isso nosso municipio nao tem. Espero que alguns façam seu papel de conscientização. Um abraço de que admira seus trabalhos.

Anônimo disse...

assino enbaixo professor,os seus relatos sobre o futebol de tumtum estão corretissimos,acredito eu que os amantes do futetebol da cidade de tumtum não merece tamanho descaso,sou de Barra do Corda e posso dizer que tive a oportunidade de de jogar na equipe do atalanta,inclusive personagens como o goleiro valdene atuavam na época,era muito legal e enpolgante de ver a forma como os clássicos mechiam com a cidade,são tempos bons para recordar,e acreditar também que as autoridades competentes tome as devidas providências para que o futebol de tumtum volte a brilhar novamente